Comentários das Liturgias

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA, JESUS, MARIA E JOSÉ

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA, JESUS, MARIA E JOSÉ
Eclo 3,3-7.14-17a / Sl 127 / Cl 3,12-21 / Lc 2,22-40

SagradaFamilia1A presença do individualismo em nossa cultura tem afetado os relacionamentos humanos e, principalmente, o convívio familiar. A mentalidade do “cada um por si” tende a transformar cada pessoa em uma ilha, num isolamento doentio, que impede a construção de laços afetivos duradouros e fraternos. Nesse contexto, a família é desafiada a persistir em sua missão de formar pessoas equilibradas e capazes de construir relacionamentos saudáveis e maduros.


Também a família judaica enfrentava dificuldades diante da cultura em que vivia. No séc. II aC, Israel vivia sob a dominação estrangeira, dos selêucidas, que oprimiam não apenas materialmente, mas também impunham seus costumes e sua cultura. Diante dessa ameaça externa, que enfraquecia as tradições religiosas, o livro do Eclesiástico reafirma a importância da família, explicitando a sua responsabilidade na transmissão dos valores recebidos do Senhor. De modo especial, destaca o dever dos filhos em respeitar seus pais, buscando com isso, reforçar o valor da tradição religiosa frente à imposição cultura estrangeira. O respeito aos pais gera o respeito aos valores religiosos recebidos do Senhor, os quais eram a garantia de uma organização social justa e fraterna.


Da mesma forma, a carta aos Colossenses enfatiza a responsabilidade da família na transmissão e na solidificação das virtudes cristãs. É na família, a verdadeira Igreja Doméstica, que o cristão aprende os valores que permitirão a edificação da Igreja enquanto comunidade dos filhos de Deus. Também as famílias cristãs dos primeiros tempos enfrentavam dificuldades, pois estavam imersas em uma cultura totalmente adversa aos valores do Evangelho. Vivendo no mundo, sem ser do mundo, as famílias tinham a missão de transmitir e fazer solidificar as virtudes da espiritualidade cristã, para serem o alicerce da vida em sociedade.


Diante desses desafios à família, somos convidados a aprender com a Sagrada Família de Nazaré a viver a verdadeira fidelidade aos desígnios de Deus, como único caminho para a felicidade. Em primeiro lugar, contemplamos a atitude de gratidão de Maria e José, que vão ao Templo de Jerusalém para oferecer o sacrifício pelo nascimento do primogênito, consagrando-O ao Senhor. Mais que um mero cumprimento da Lei, trata-se de um gesto de agradecimento, reconhecendo o quanto são agraciados pela vida do Menino Jesus que lhes fora confiado. É missão de toda família ensinar essa atitude de reconhecimento por todos os benefícios recebidos do Senhor, desde o simples e fundamental alimento colocado sobre a mesa no dia a dia, até os grandes acontecimentos que transformam a nossa história.


Mas a visita de Maria e José ao Templo foi marcada também pela presença do profeta Simeão e da profetisa Ana. Ambos se alegram no Senhor, por terem contemplado o Salvador, e revelam a grandiosidade de Sua missão. Entretanto, as palavras não foram somente de alegria, mas também indicam o difícil caminho que Jesus iria trilhar, e igualmente sua Mãe, Maria Santíssima, que partilharia de Sua dor. Como a Sagrada Família, nossas famílias enfrentam dificuldades, dores e angústias, mas isso não deve abalar sua confiança no Senhor, pois em Sua ressurreição, Ele nos garantiu a vitória do amor. É na fidelidade aos Seus ensinamentos que nossas famílias superarão as tribulações e participarão de Sua vitória.


Vivendo em uma cultura que ao invés de gerar pessoas solidárias, aumenta o número de pessoas solitárias, temos a missão como solidificar nossas famílias, para que sejam capazes de cumprir a missão de transmitir os valores cristãos, os quais garantem a edificação de uma sociedade mais humana e fraterna.

 

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